As varizes podem ser similares a olho nu, mas não são iguais!
Cada paciente possui uma característica que precisa ser investigada para que o melhor tratamento seja indicado.
Cada procedimento tem suas vantagens e desvantagens, que serão analisados pelo médico cirurgião vascular.
Varizes são veias dilatadas e tortuosas com válvulas insuficientes que apresentam um fluxo sanguíneo inverso, conhecido por refluxo venoso causando sintomas e desconforto estético.
Uma veia normal tem válvulas internas que fazem com que o sentido do fluxo de sangue seja dos pés em direção ao coração. Quando estas válvulas se tornam incompetentes, a ação da gravidade é responsável pela inversão de direção do fluxo sanguíneo, o que provoca a congestão venosa causando o aparecimento das varizes.
A congestão e a dilatação das veias são responsáveis por mais insuficiência das válvulas provocando um circulo vicioso deste desague de sangue.
Você não esta só, esse transtorno é presente na vida de muita gente. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 30% da população mundial têm varizes. Desse total, 70% são mulheres e 30% homens. Atingem 40 milhões de brasileiros e 60% das mulheres com mais de 50 anos sofrem do problema em algum grau.
São vários os fatores que provocam varizes e muitas vezes eles se somam. O principal e que infelizmente não podemos mudar é o fator genético. É sabido que o risco de ter varizes é de 90% se ambos os pais sofrem deste problema e se apenas um dos pais é afetado o risco é de 25% dos homens e 62% das mulheres.
Algumas atividades profissionais fazem com que as pessoas passem longos períodos estáticos em pé ou sentado, o que dificulta o retorno venoso. O coração faz com que o sangue caminhe com pressão pelas artérias até aos pés e a musculatura da panturrilha vai bombear o sangue pelas veias vencendo toda a resistência da gravidade levando o retorno do sangue dos pés sentido coração. Melhore a sua circulação, mexa-se!
Sexo Feminino – Ação dos hormônios femininos (estrogênio e progesterona);
Obesidade – Aumento da pressão abdominal que provoca dificuldade de retorno sanguíneo;
Gestação – Ação hormonal e do peso do útero sobre a veia;
Pós Trombose – Perda da função das válvulas internas das veias após episódio de trombose;
Idade – Dilatação progressiva das veias;
E outros fatores que provoquem aumento da pressão abdominal levando a dificuldade da passagem do sangue.
Os sintomas atribuídos a insuficiência venosa são: pernas cansadas, pesadas, formigamento, algumas dores em pontadas e inchaço das pernas, todos com piora progressiva ao decorrer do dia, além de desconforto estético.
Pode ocorrer com a evolução da doença, a presença de manchas, atrofia da pele e formação de úlceras além da rotura e sangramento de ramos varicosos.
O inchaço crônico também favorece o acometimento por inflamação e infecção como linfangites e erisipelas.
O diagnóstico de varizes geralmente se da pelo simples exame físico com inspeção e palpação dos trajetos varicosos, porém devem ser utilizados os métodos auxiliares para que seja estabelecido a causa do refluxo, ou seja, a raiz do problema. Para isto podemos contar com o uso do Ultrassom Doppler, GPS vascular (realidade aumentada) e com o uso da venografia.
O Ultrassom Doppler ou Eco Color Doppler ou Duplex Escan são todos nomes para o mesmo exame. É basicamente um ultrassom com estudo colorido do fluxo dos vasos. Considerado o melhor exame para avaliação da insuficiência venosa, é indolor, pode ser repetido, faz parte da rotina do cirurgião vascular na avaliação e busca da causa do refluxo venoso para diagnóstico e seguimento. Podendo estar presente antes, durante e depois do tratamento.
Outro método auxiliar no diagnóstico e tratamento é o uso do GPS vascular, também conhecido como realidade aumenta. É um aparelho que capta a presença dos vasos invisíveis e faz uma projeção destes vasos na pele, tornando possível avaliação e tratamento destes.
Pela causa multifatorial e comprometimento genético é definido que varizes não tem cura, porém temos vários tratamentos que podem ajudar com os sintomas, fechamento de úlceras, melhora estética e principalmente para esta doença venosa não evolua de estagio!!!
Toda veia retirada cirurgicamente ou esclerosada não volta, todavia, novos vasos podem aparecer, por isso o tratamento deve ser na raiz do problema solucionando a causa do refluxo venoso para obtermos um tratamento satisfatório e duradouro.
O uso da Meia Elástica específica por comprimento e pressão para cada caso é usada para comprimir as veias evitando assim inchaço, melhorando o retorno do sangue ao coração, aliviando sintomas e a progressão do desague venoso.
Os medicamentos venotônicos são responsáveis por um aumento dos tônus na parede das veias melhorando o fluxo sanguíneo além de diminuir a saída de líquido dos vasos levando assim a uma melhora dos sintomas.
Em casos específicos com antecedente de trombose venosa pode ser necessário o uso de anticoagulante.
O tratamento de varizes com uso do laser pode ser transdérmico para as veias menores e muitas vezes associados a escleroterapia para potencialização do efeito esperado ou endovenoso para tratamento de safena, veias perfurantes, veias de face, mãos e pés.
Quando a veia safena se apresenta com refluxo podemos realizar a retirada cirúrgica (safenectomia) ou a ablação endovascular desta veia, que nada mais é do que a passagem de uma fibra com laser na ponta por dentro desta veia doente que vai emitir calor cauterizando esta veia de dentro para fora. Para complementar o tratamento da safena muitas vezes é necessário a retirada com agulha das varizes superficiais.
Outra opção que temos para tratamento de veias e até mesmo para as safenas são os tratamentos esclerosantes, que consistem da administração de medicamento no interior das veias a serem tratadas e causam uma irritação na parede venosa levando ao fechamento desta. Pode ser realizado com glicose, cryoescleroterapia (esclerosantes a -40 graus), espuma densa e entre outros.
A doença venosa não deve ser vista como uma foto estática, e sim como um filme em evolução do qual conhecemos o começo, meio e fim. Podemos atuar para mudar esta história!
De forma progressiva se manifesta como teleangiectasias (aranhas vasculares), veias dilatadas, edema (inchaço das pernas), manchas escuras com atrofia da pele e diminuição de pelos e, por último e mais grave, na presença de úlceras, feridas e infecção.
Pode ocorrer a trombose venosa, que é a formação de um coagulo de sangue no interior de uma veia, o qual pode se desprender chegando até o pulmão causando embolia pulmonar levando a um quadro grave além da já citada síndrome pós trombótica.
O refluxo venoso deve ser tratado para interromper o desague de sangue que causa o aparecimento de novas varizes, piora dos sintomas e evolução da doença venosa.
Com o tratamento adequado podemos mudar o final deste filme!